quarta-feira, 20 de abril de 2016

AS MINHAS CRÓNICAS

Há uns anos, e durante uns anos, escrevi semanalmente para a Olá Semanário, umas crónicas que só tinham a ver comigo. Quer dizer, escrevia sobre o que me apetecia, que é, na minha opinião, a única e mais divertida maneira de se escrever. Tanto podia ser sobre qualquer coisa que tinha acontecido em minha casa e com algum membro da minha família - como quando escrevi sobre a relação estreita dos mosquitos com o meu marido -, como sobre alguma ideia mais ou menos metafísica que me ocorria no momento. Ocorriam-me muitas, nessa altura, pressionada pela Dulce Varela, a directora da Olá Semanário (Saudades, Dulce) que queria sempre as crónicas para ontem.
Uma das que mais gostei de escrever já a transcrevi aqui: É o post de dia 9 de Abril que tem como título "Projectos". Estou absolutamente convencida que poucas pessoas o entenderam e pensaram mesmo nunca mais "porem os pés" neste blog. Compreendo-as. Eu própria o faria, no vosso lugar. 
Mas na altura andava irritada com alguns iluminados, pessoas muito inteligentes e cultas que são incapazes de ler o que o comum dos mortais tem prazer em ler, e escrevem em consonância, ou seja, coisas que ninguém entende. Assim escrevi aquela crónica para experimentar como era ser como eles. Deu-me um trabalhão, não julguem que não! Quem é que sabe o que são formas "puerpro-centradas"?? Felizmente, nessa mesma altura estava a fazer uma formação no hospital e um dos prelectores falava assim. Foi uma sorte, porque ao mesmo tempo que ia ouvindo o que ele dizia, ia escrevendo todas as palavras ou expressões caras que ele ia dizendo e pedindo explicações sobre as mesmas, o que, também percebi, irrita quem tem que descer ao nosso nível, para nos explicar coisas que são absolutamente óbvias.
Devo confessar ainda outra coisa: aquela crónica deu-me imenso jeito quando fiz o meu complemento(1), porque a primeira coisa que nos pediram foi para escrever um artigo sobre o que quiséssemos. Acontece que no primeiro dia, na primeira aula, eu tive uma acesa troca de palavras – uma discussão (2), para ser franca – com o professor, sobre o assunto: “a inconveniência e a estopada de ter que ouvir palavras, expressões, frases inteiras ininteligíveis, sabe-se lá porquê e para quê, uma vez que ninguém as percebe” .
Com uma ou outra modificação para parecer uma coisa muito séria, apresentei o “artigo” que tive que provar ter sido eu própria a escrever, uma vez que o professor não acreditou nisso (3).
Portanto, apesar de ter chegado à conclusão que ser como os intelectuais não era, de todo em todo, a minha vocação, escrever aquele artigo foi divertido e deu-me jeito.
Outra crónica que gostei muito de escrever foi sobre as mil e uma maneiras de pedir um café. Que as há. E esse sim, é um post que toda a gente vai perceber. 
Mas como este já vai longo e a noite já não é uma criança, isso fica para amanhã.
Assim como assim, posso usar algumas estratégias  para deixar os meus “caros leitores” com água na boca...
Até logo.


(1) Para quem não é “da arte”, o complemento foi um ano em que os enfermeiros tiveram que voltar para a escola para passarem de bacharelados a licenciados.

(2)  Esta discussão valeu-me a amizade incondicional de todos os meus colegas que também não estavam a perceber patavina do que era suposto estar a ser-nos ensinado.

(3)  Devo dizer que nos fim do complemento, ele e eu éramos os maiores amigos! Acontece-me muito: primeiro pego-me com as pessoas e ao fim de algum tempo, somos unha com carne.

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