sábado, 9 de abril de 2016

Projectos

A interdisciplinaridade de que a sociedade vem dando mostras, configurando relações participativas, o reforço do processo de sociabilização dos diversos actores intervenientes em cada sector da nossa vida, pressupõe a consciencialização, o dinamismo do inter-relacionamento, a discussão dos caminhos, e a persecução dos objectivos tendo em conta, a componente motivacional, assim como o desenvolvimento sócio-moral, que se vai repercutir neste todo holistico,
potenciando assim os resultados em vista.
Um dos principais motivos da crise em que o mundo dos dias de hoje se vê mergulhado, consiste na incapacidade de mobilizar as virtualidades criativas das pessoas, porquanto se continua a fazer um apelo ao aumento da qualificação sem ter em conta que não é apenas ao valorizarmos uma formação reprodutora em que a comunicação só tem um único sentido, bloqueando os receptores, que se conseguem ultrapassar as dificuldades do presente.
Em termos da realidade do trabalho, a sociedade actual é caracterizada pela ocorrência de consideráveis modificações económicas e sociais; novos perfis profissionais não baseados na valorização conjuntural de competências relacionais adequadas aos novos cenários de incerteza, instabilidade e imprevisibilidade, não serão de forma alguma a solução.
Mas não basta termos a intenção de transformar qualquer coisa em realidade; é necessário que haja um propósito, um desejo concreto para que possamos dar corpo a esse projecto. É através dum projecto de vida que o Homem tem capacidade de se compreender e realizar em toda a sua plenitude. Como já Jean Paul Sarte dizia: «O homem só tem uma maneira de viver: através dum projecto», já que um projecto pode regular a nossa caminhada na busca da auto-realização, concretizando uma vida que vale a pena ser vivida e sendo assim uma determinante imediata da acção.
Um projecto revela um grau de maturidade estratégico-pedagógica e é sempre um instrumento metodológico, quiçá bi-etápico, que nos permite enfrentar os desafios com as nossas competências específicas.
Permite-nos ainda a tomada de responsabilidade no nosso próprio processo de formação e desenvolvimento sem que tenhamos a tentação de resvalar para formas magister ou, pelo contrário, puerpero-centradas que nos conduziriam a um reducionismo arcaico, mormente quando se configuram relações inter-disciplinares. É algo que se constrói, não que se reproduz, algo que arquitecta novos saberes, plurifacetados alicerçados em bases científicas e tomando em conta todas as variáveis em jogo.
Tomando nas nossas mãos a responsabilidade do nosso próprio projecto de auto-formação e desenvolvimento, fomentando a criatividade de auto-regulação, mais no sentido da flexibilidade do que da especificidade, teremos a capacidade de nos mentalizarmos das nossas necessidades e da forma como nos inter-relacionamos com os outros e com o mundo em geral e passar da intenção à acção.
E a intenção não é mais que o desejo. Não o desejo cego, que não passa pelo crivo da análise crítica, mas o desejo de construção de algo maior.
E se é o desejo/inspiração que dá sentido á acção, e por sua vez a acção que concretiza o desejo/inspiração. E o projecto é simplesmente a ligação entre a acção e a inspiração.
Para terminar, cito o que Platão diz sobre um tema ainda actual: «aquele que apenas executa os projectos concebidos por outros, é apenas um escravo»




Sem comentários:

Enviar um comentário