quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Preciso de uma massagem!

7 horas.
Abro os olhos cheia de sono, levanto-me a custo, muito custo, arrasto-me até à casa de banho na esperança que um duche me faça sentir melhor – o que não acontece – visto-me e tomo um café apressado. Pego na carteira, às vezes verifico se as chaves do carro estão lá, estão, boa, visto o casaco e saio de casa já completamente acordada mas só porque olhei para o relógio e verifiquei que neste cambaleio matinal, demorei mais do que era suposto, por isso já estou atrasada. O carro está... ah já sei, lá vou, abro a porta, sento-me e meto a mão na carteira para tirar o telemóvel e pô-lo a jeito, não vá ele decidir tocar, o que a esta hora da manhã é altamente improvável, mas serve para perceber que me esqueci dele em casa. Saio do carro, fecho a porta, corro para casa, abro a porta e páro... Onde é que raio é que eu deixei o telemóvel? Quarto, não, cozinha, não, casa de banho... ainda não... sala! Cá está ele.
Saio outra vez a correr, meto-me no carro e guio que nem uma louca a ver se chego a uma hora mais ou menos decente ao hospital onde ainda me espera o drama de estacionar o carro. O que me vale é que já há pessoas que estiveram de vela a sair - o que por outro lado me dá a medida do meu atraso – e depois de duas voltas ao hospital descobri um lugar. O corredor para o bloco é intermínável e com esta correria e a descarga de adrenalina correspondente, já estou a suar, sendo que hoje é dia 5 de Janeiro e previa-se 10 graus de temperatura máxima. Vestiários. Quê?, já cá não está ninguém??? Estou assim tão atrasada, gaita?? Volto a remexer na carteira à procura da chave do meu caçifo que está junta com as chaves de casa. Porque é que eu meto tantas coisas dentro destas carteiras enormes, coisas que não uso 99% dos dia, como um amaciador de cutículas ou um isqueiro, agora que deixei de fumar?? Enquanto me dispo e me visto com aqueles trapos verdes sem feitio que não favorecem ninguém, juro a mim mesma que vou passar a usar aquelas carteiras minusculas que só têm espaço para o cartão de cidadão e um telemóvel (se não for o Iphone 6), calço as minhas socas que pintei às florzinhas num dia de menos movimento, com corrector branco e marcadores de várias cores para que ninguém tenha a veleidade de as calçar “porque não reparei que eram as tuas”, enfio a touca cabeça abaixo, respiro fundo e salto o murete que separa a zona desinfectada da infectada ou seja toda aquela que está para trás do dito murete.
Cheguei.Pé ante pé, agora é tentar que não dêem por mim, ou pelo menos que achem que estive a tratar de qualquer coisa urgente e inadiável que tenha a ver com um doente da manhã, e por isso é que não me apresentei, ainda, na reunião de passagem de turno...
Impraticável.
Enquanto mais uma vez “oiço” – com razão, eu sei – penso que agora o que eu gostava mesmo era de uma massagem, para relaxar.

Cenas dos próximos capítulos: Já na sala de operações

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